Dirigir é uma das atividades que podem ficar comprometidas por quem sofre de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), distúrbio de ansiedade que provoca pensamentos obsessivos e a repetição de rituais racionalmente considerados sem sentido para neutralizar a obsessão.
“O portador de TOC tem de lidar com comportamentos que estão encadeados e nunca cessam. Pensar o obriga a agir, com rituais, para diminuir a ansiedade”, explica a psicóloga Cecília Bellina, especialista em Psicologia do Trânsito e Psicologia Comportamental Cognitiva. “Embora a doença não tenha um nível de severidade que atrapalhe sensivelmente a vida do paciente, sua vida se torna de alguma maneira comprometida ou limitada. Uma das limitações pode surgir através do medo de guiar”.
Em Dirigir sem Medo (editora Casa do Psicólogo), a especialista relata o caso de um paciente de 21 anos, apaixonado por carros desde a infância, que deixou de dirigir por acreditar que sempre havia atropelado alguém, embora nunca encontrasse indícios do acidente. “Sempre que ele passava com o carro perto de uma pessoa, ficava com a sensação de tê-la atropelado e sempre, ou quase sempre, sentia-se forçado a voltar ao local para conferir se havia ou não acontecido. Ao não encontrar nenhum indício de atropelamento, ele considerava a hipótese de a pessoa já ter sido socorrida ou o corpo removido, em caso de morte”, conta.
Segundo a especialista, um dos sintomas mais comuns entre os pacientes com TOC é uma compulsão incontrolável por ter de verificar algo que se imagina ter acontecido ou estar acontecendo, apesar de ter certeza que não.
Texto: Andréia Jodorovi
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