por Ana Célia Pinheiro http://pererecadavizinha.blogspot.com
Essa coisa da possibilidade de candidatura do cidadão Mário Couto ao Governo do Pará é um dos maiores acintes já vistos aqui e em toda a Nação.
É como se o Fernandinho Beira-Mar resolvesse se candidatar à Presidência da República.
É preciso por os pingos nos is. E já que não há macho nesta terra que se habilite a fazê-lo, eu vou me habilitar.
Colocar o cidadão Mário Couto no comando do Governo do Pará significa colocar o Estado e as nossas polícias sob o comando do crime organizado.
É, em suma, entregar a nossa PM, a nossa Polícia Civil e até a nossa Justiça e o nosso Ministério Público a um “Comendador Arcanjo” mal disfarçado.
Não há pedra no estado do Pará que ignore as ligações do cidadão Mário Couto ao jogo do bicho.
A mansão que ele tem lá no Parque Verde, os terrenos, os veículos e tudo o mais que obteve ao longo da vida – tudo! – veio do jogo do bicho.
E ao jogo do bicho, se a gente duvidar, deve o cidadão Mário Couto até mesmo o mandato de senador.
Mas, nem culpo apenas ao cidadão Mário Couto pela ousadia de tentar comandar o Pará.
Culpo, em primeiro lugar, a todos nós, sociedade, com essa nossa permissividade, com essa nossa complacência em relação ao jogo do bicho.
À nossa complacência em relação a uma contravenção penal ligada a crimes pesadíssimos como o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro.
O jogo do bicho é a grande fortaleza visível das drogas e da lavagem de dinheiro, que tantos males ocasionam a este estado e a este país.
Assim, o jogo do bicho é um dos grandes responsáveis por essa violência que vemos, todo santo dia, nas nossas ruas.
Eis que uma parte significativa dos roubos e furtos que presenciamos, e que formam o grosso das ocorrências policiais, não deriva, apenas, da pobreza.
Deriva, na verdade, da luta pela venda e pelo acesso às drogas.
E, sem querer parecer tatibitati, isso quer dizer que colocar o cidadão Mário Couto no comando do Pará agravará ainda mais essa situação.
Quer dizer: se hoje já saímos com medo às ruas, sequer poderemos colocar o pé fora de casa, caso o Pará caia nas mãos desse senhor.
É preciso acabar com essa coisa de ficar apenas cochichando tudo isso pelos corredores da corte.
A gente tem é de escancarar essa discussão.
Porque diz respeito a todos nós, aos nossos filhos, aos nossos netos.
O Pará é um ponto privilegiado à passagem das drogas e armas traficadas pela bandidagem.
É daqui para o mundo!...
E é claro que essa bandidagem vai tentar, sempre, colocar a cara pra fora do esgoto, para colocar o Estado a serviço dela.
Cumpre a nós, sociedade, mandar essa bandidagem de volta ao esgoto, de onde nunca deveria ter saído, aliás.
Cumpre a nós, sociedade, dar um basta nisso, dizendo-lhes: aqui, vocês não passam!
A meu ver, o ex-governador Almir Gabriel, em sua velhice espiritual – que é muito pior que a física, diga-se de passagem – não odeia apenas Simão Jatene: Almir odeia é ao povo do Pará, uma vez que pretende nos entregar a todos nas mãos de um cidadão ligado ao crime organizado.
É como se Almir dissesse: “Tirei vocês da mão do Jader e vocês me rejeitaram. Por isso, vou entregar vocês nas mãos de um sujeito muito pior!...”
Só que, ao contrário do que pensa o cidadão Almir Gabriel, aqui há cidadãos, sim, capazes de resistir ao império dessa bandidagem.
Lembro de um promotor que me comentava essa história da candidatura do Mário Couto a governador.
“E quem é que vai ser o vice dele? – perguntava o promotor – Vai ser o Bosco Moisés, é? E o senador vai ser o Luizinho Drumond, é?”.
Todos os que lidam com o combate ao crime organizado sabem muitíssimo bem a ameaça que Mário Couto representa para este estado e para este país.
E eu só espero é que o pessoal lá de São Paulo e até lá dos Estados Unidos não demore a perceber o perigo que representa um ponto de passagem ao tráfico de drogas e de armas, como é o Pará, nas mãos de um cidadão com o prontuário de um Mário Couto.
E pode me processar, senador!... Me processe à vontade!...
Mas, eu lhe garanto: a mim o senhor não cala!
E, se depender de mim, aqui o senhor não passa!
Nem o senhor, nem os seus comparsas do crime organizado.
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